Aqui é o "amigo da Branquela", que não era dada a amizades, fossem de pessoas ou animais. Por uns 2 ou 3 anos, desde quando ela era nova e ocupava a área atrás do minizoo, eu ia visitá-la. Se fosse inverno com chuva e frio, lá estava ela, firme num ponto menos inóspito, era a única que não arredava da sua área. Ela sempre ficava rodeando e dando cabeçadas, embora não admitisse carinhos muito efusivos -- era patada e "riscação de fósforo" na certa -- daí a apelidamos de Torinho. De repente, um grito chamando: "Branquela! Branquela! Branquela!" -- e lá ia a Branquela correndo pra ganhar ração da senhora. Todos a achavam linda, porque era mesmo, diferente dos demais e igual a uma manekineko ("o gato que acena", talismã japonês), mas não queria contato com humanos nem com bichanos (vi muitos incautos levando patada). Com a gente ela abria exceção, até brincava e passeava. Mudou de zona pelo menos 3 vezes antes de se estabelecer no último local, onde ficou por quase 2 anos (acho), mas não abria mão de atravessar a "avenida" e ficar um tempo do dia lá em cima daquela árvore defronte da "Administração" -- majestosa no seu galho e desajeitada pra descer (depois de adulta, tinha engordado um pouquinho...). Já no lugar onde acabou sendo executada, ela passou a aceitar meio a contragosto a companhia doutros felinos -- desde que não chegassem muito perto. Continuou sendo atração, certa vez saiu na ZH, muitos paravam pra admirá-la, alguns achavam que estava esperando filhotes. Da metade do ano passado pra cá, passei a ir vê-la apenas esporadicamente (mais devido a uma dificuldade de locomoção do que a falta de tempo). Mas quando eu a visitava, ela vinha com saudade, mais carinhosa do que nunca, talvez até me deixasse pegá-la no colo (isso eu não quis arriscar); tinha emagrecido e parecia rejuvenescida. Enfim, fazia vários dias que eu não passava pra vê-la; ontem estava chegando ali e pensei: "Como está triste e feio este lugar; se não fosse a Torinho..." -- foi quando me deparei com o cartaz, afixado do lado contrário donde eu vinha: "Aqui jaz Branquela, brutalmente assassinada". As lágrimas correram, o coração e a garganta apertaram; vieram uns gatos pretos que me pareceram desacorçoados, passei a mão na cabeça dum, dei-lhes a ração e fui embora, cheio de raiva e tristeza. Dia 24, o mesmo dia em que, outubro do ano passado, encontrei morto na frente de casa o meu amado Zumba. Obrigado por ter existido e por tudo, Branquela/Torinho/Shibalena! Nos encontraremos no céu dos gatos, esquecidos deste cada vez pior, desolador e infeliz mundo onde vivemos. Quanto aos ditos "seres humanos", vão pagar muito caro por mais essa maldade.
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Dona Graça e pessoal do Gatos Redenção:
Aqui é o "amigo da Branquela", que não era dada a amizades, fossem de pessoas ou animais. Por uns 2 ou 3 anos, desde quando ela era nova e ocupava a área atrás do minizoo, eu ia visitá-la. Se fosse inverno com chuva e frio, lá estava ela, firme num ponto menos inóspito, era a única que não arredava da sua área. Ela sempre ficava rodeando e dando cabeçadas, embora não admitisse carinhos muito efusivos -- era patada e "riscação de fósforo" na certa -- daí a apelidamos de Torinho. De repente, um grito chamando: "Branquela! Branquela! Branquela!" -- e lá ia a Branquela correndo pra ganhar ração da senhora. Todos a achavam linda, porque era mesmo, diferente dos demais e igual a uma manekineko ("o gato que acena", talismã japonês), mas não queria contato com humanos nem com bichanos (vi muitos incautos levando patada). Com a gente ela abria exceção, até brincava e passeava. Mudou de zona pelo menos 3 vezes antes de se estabelecer no último local, onde ficou por quase 2 anos (acho), mas não abria mão de atravessar a "avenida" e ficar um tempo do dia lá em cima daquela árvore defronte da "Administração" -- majestosa no seu galho e desajeitada pra descer (depois de adulta, tinha engordado um pouquinho...). Já no lugar onde acabou sendo executada, ela passou a aceitar meio a contragosto a companhia doutros felinos -- desde que não chegassem muito perto. Continuou sendo atração, certa vez saiu na ZH, muitos paravam pra admirá-la, alguns achavam que estava esperando filhotes. Da metade do ano passado pra cá, passei a ir vê-la apenas esporadicamente (mais devido a uma dificuldade de locomoção do que a falta de tempo). Mas quando eu a visitava, ela vinha com saudade, mais carinhosa do que nunca, talvez até me deixasse pegá-la no colo (isso eu não quis arriscar); tinha emagrecido e parecia rejuvenescida.
Enfim, fazia vários dias que eu não passava pra vê-la; ontem estava chegando ali e pensei: "Como está triste e feio este lugar; se não fosse a Torinho..." -- foi quando me deparei com o cartaz, afixado do lado contrário donde eu vinha: "Aqui jaz Branquela, brutalmente assassinada". As lágrimas correram, o coração e a garganta apertaram; vieram uns gatos pretos que me pareceram desacorçoados, passei a mão na cabeça dum, dei-lhes a ração e fui embora, cheio de raiva e tristeza. Dia 24, o mesmo dia em que, outubro do ano passado, encontrei morto na frente de casa o meu amado Zumba.
Obrigado por ter existido e por tudo, Branquela/Torinho/Shibalena! Nos encontraremos no céu dos gatos, esquecidos deste cada vez pior, desolador e infeliz mundo onde vivemos. Quanto aos ditos "seres humanos", vão pagar muito caro por mais essa maldade.
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